É primeiro de maio
Em quase todo mundo, hoje se comemora o dia do trabalhador. Teve origem em greve iniciada na cidade de Chicago, EUA, em 01 de maio de 1886, para que a jornada fosse reduzida de 17 para 8 horas diárias. No Brasil, virou feriado em 1925, mas foi apenas com Getúlio Vargas e a criação da CLT, em 1943, que o movimento operário ganhou verdadeira força nacional e o dia passou a ser comemorado.
Após tantos anos, muita coisa mudou no mundo do trabalho: leis surgiram e foram revogadas, novas formas de trabalhar e empreender apareceram e se extinguiram. Mas, até hoje, pouco se fez para que o 1º de maio também fosse o DIA DA TRABALHADORA.
No Brasil, as mulheres representam mais da metade da população e já somam cerca de 40 milhões de trabalhadoras. Destas, 28,2% ocupam trabalhos em tempo parcial (até 30 horas semanais), além de dedicarem 73% a mais de horas em atividades domésticas e afazeres em relação aos homens. As mulheres são mais escolarizadas - 24,3% possuem ensino superior -, mas isso não se reflete nos cargos de chefia, pois ocupam apenas 39,1% dos postos gerenciais e ainda recebem 3/4 do salário dos colegas homens.
Apesar da formalidade de igualdade de direitos, todos esses números esclarecem a realidade da permanente desigualdade de fato. Ainda é comum ouvir opiniões, como o recentemente dito em palestra, que se o empregador não quer que a funcionária engravide, deve, então, optar por contratar apenas menores de 12 anos e maiores de 50.
Machismos e outros extremismos são as primeiras ideias que vêm à mente. Mas esse tipo de pensamento faz perquirir sobre qual deve ser o papel da trabalhadora na sociedade, e como as próprias mulheres se colocam diante de seus empregadores em situações cotidianas.
Na prática, o gênero feminino é visto quase como uma segunda categoria, carente de políticas públicas asseguradoras de dignidade e que garantam acesso a postos de trabalho. Apesar dos avanços, ainda faltam equipamentos sociais e programas de capacitação profissional que assegurem obrigações extra profissionais e permanência no emprego, como faltas abonadas, creches próximas ou no local de trabalho, efetivas garantias de acesso e permanência no mercado de gestantes e mães recentes. Regras trabalhistas existem, mas ainda são mal compreendidas, recebidas como privilégios e deficientemente aplicadas.
Há uma nova mentalidade empresarial a ser aplicada. Incentivar, valorizar, e acolher a mulher trabalhadora, pode ser uma das mais eficazes medidas de concretização de meio ambiente laboral saudável, eficaz e produtivo. Todos ganham com isso.
Neste primeiro de maio, reveja seus conceitos sobre as mulheres trabalhadoras, sobre a sua forma de lidar com mão de obra tão qualificada, incentivada e propulsora e descubra se você também pode ser um agente de mudanças, pois as mulheres precisam de apoio e não de críticas.
Maribel Pace | OAB/RS 72.320
